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Destaques

A dupla porção de Jó - "Parte UM".

  • Sérgio Barreto
  • 5 de dez. de 2018
  • 8 min de leitura

Registro do autor:

Minha impressão anterior sobre o Livro de Jó mudou completamente após esse longo estudo, por vários meses. Antes eu o achava enfadonho e até certo ponto, incompreensível. Hoje, agradeço a Deus por ter tido algum entendimento e aprendido algumas lições desse maravilhoso Livro.

Lendo o livro de Jó e nos surpreendendo com a sua história.

Jó 1:1 Havia um homem na terra de Uz, cujo nome era Jó; e era este homem íntegro, reto e temente a Deus e desviava-se do mal. 2 E nasceram-lhe 7 filhos e 3 filhas. 3 E o seu gado era de 7.000 ovelhas, 3.000 camelos, 500 juntas de bois e 500 jumentas; eram também muitíssimos os servos a seu serviço, de maneira que este homem era maior do que todos os do oriente.

Assim começa esse Livro, descrevendo Jó como um bom homem, honesto e justo, que evitava praticar o mal e era extremamente rico, não existindo naquela época no oriente quem o superasse em bens e riquezas.

Jó 42:12,13,15 E assim abençoou o Senhor o último estado de Jó, mais do que o primeiro; pois teve 14.000 ovelhas, e 6.000 camelos, e 1.000 juntas de bois, e 1.000 jumentas. Também teve sete filhos e três filhas. E em toda a terra não se acharam mulheres tão formosas como as filhas de Jó.

Assim termina o Livro de Jó, que recebeu uma porção dobrada de todos os seus bens e filhos e filhas "formosas", apesar de não ser dobrado esse número em quantidade, mas com certeza, em qualidade. Se atentarmos bem, o adjetivo "formosa" não aprece na descrição dos filhos e filhas no capítulo UM.

O livro de Jó poderia ter sido escrito apenas com esses versículos do capítulo um onde narra a vida estável, respeitosa e confortável que Jó tinha e o capítulo 42 onde fala da porção dobrada que recebeu com relação aos seus bens e dos filhos formosos que nasceram após tão grande prova.

E quem sabe, poderia ter sido um Livro muito mais apreciado, com uma linda história do início ao fim, mas não foi assim!

Entre esses versículos, temos uma das maiores narrativas de provas e sofrimento a que um ser humano foi submetido com a permissão do Senhor, sem dúvida, onde vemos mais uma vez constatada a soberania divina sobre nossa vida. Muitos rejeitam a leitura desse Livro por conta dessas provas e demonstração de sofrimento e em alguns casos, imputando a Deus atos de maldade em si, sem conhecer a verdadeira essência e formosura do agir Divino. Isso nos mostra o quanto devemos estar próximos do nosso Deus para conhecer a Sua forma de pensar e agir, em vez de blasfemarmos diante das provas que nos são propostas.

Ef 5:17 Por isso não sejais insensatos, mas entendei qual seja a vontade do Senhor.

É isso que queremos fazer aqui, entendermos qual foi a vontade do Senhor para a vida de Jó. O Livro de Jó trata exemplarmente como devemos agir para entender e aceitar a vontade do Senhor. É um exemplo que devemos seguir quando estivermos passando pelas nossas provas, sejam em que magnitude e extensão forem.

Algumas perguntas que podemos fazer no nosso íntimo:

1- Por que Deus permitiu a um justo sofrer se Êle é um Deus de amor e misericórdia?

2-O que levou Deus a escolher Jó?

3-Por que a porção dobrada de Deus para Jó quanto às ovelhas, camelos, bois e jumentas e apenas a mesma quantidade de filhos e filhas?

4-O que podemos tirar de proveito prático, de lições, do Livro de Jó para as nossas vidas?

Comecemos tentando responder a segunda pergunta: "O que levou Deus a escolher Jó"?

Como está registrado no início do Livro, podemos concluir que um dos motivos para a escolha de Jó foi o seu caráter. O local onde ele nasceu, "UZ" significa "firmeza". Essa região fica no deserto Sírio, entre Damasco e Edom. Nos faz lembrar o povo nordestino, o sertanejo, homem de fibra e acostumado a passar pelas provas da natureza, como a seca e a fome. A firmeza é uma das características que precisamos ter para suportar e passar pelas provas, as quais TODOS nós, um dia, passaremos em vida mais cedo ou mais tarde, mesmo que sejam com intensidades diferentes.

Vejamos o que o Apóstolo Paulo disse aos cristãos da Igreja de Deus em 1º Cor 16:13: "Vigiai, estai firmes na fé; portai-vos varonilmente, e fortalecei-vos".

Jó era íntegro, reto, sincero, temente a Deus e desviava-se do mal, mas

não quer dizer que sua vida era ausente de pecado. Quer dizer que humanamente e moralmente falando, ele evitava praticar o que era desagradável a Deus. Paulo diz claramente aos irmãos da Igreja de Roma qual é a condição da nossa natureza:

Rm 3:23 "Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus".

Jó mantinha-se vigilante todo tempo, avaliando as decisões a serem tomadas, as palavras a serem proferidas, os momentos em que deveria se calar, orar, recuar, se humilhar, perdoar, decidir e tudo o mais inerente às atitudes diárias de um ser humano, como cada um de nós. Jó também exercia o papel de sacerdote na sua família, como vemos nos ritos de purificação que fazia, para santificá-los após os períodos de festas e banquetes. Jó tinha consciência das coisas erradas feitas por eles e procurava chama-los à atenção quanto a isso. Eles já eram adultos, responsáveis pelos seus atos e consequências, mas parece que de contínuo estavam sempre desagradando a Deus e ao seu pai.

Por ser Jó conhecedor da Palavra, isso foi importante por parte de Deus para a sua escolha, e como veremos ao final, por conta de como ele se comportou durante todo o seu sofrimento, Jó recomeçou a sua vida com uma nova e diferente estatura espiritual. Deus queria dar a Jó a porção dobrada. Ele foi humilhado, afligido e no final foi exaltado.

Jó era um homem muito rico e esse também foi outro motivo da sua escolha por Deus, não simplesmente por ser rico, mas pelo tipo de testemunho a ser deixado a todos nós, ser muito rico foi fundamental. Como nos comportamos quando perdemos um bem material, quando roubam nosso celular, nosso carro, nossa carteira? Vejam que não estou perguntando por coisas maiores...

Jó 1:1 Havia um homem na terra de Uz, cujo nome era Jó; e era este homem íntegro, reto e temente a Deus e desviava-se do mal.

Esse versículo não fala que Jó amava a Deus acima de todas as coisas, mas dessa forma se comportou e deu provas disso.

Para Jó não houve problema em perder as coisas materiais. Deus tocou em todos os seus bens e, no primeiro momento, Jó não blasfemou contra Deus.

Jó 1:20 Então Jó se levantou, e rasgou o seu manto, e rapou a sua cabeça, e se lançou em terra, e adorou.

21 E disse: Nu saí do ventre de minha mãe e nu tornarei para lá; o Senhor o deu, e o Senhor o tomou: bendito seja o nome do Senhor.

22 Em tudo isto Jó não pecou, nem atribuiu a Deus falta alguma.

Essa para mim é uma das expressões que mais bem retratam nossa condição existencial. Estamos de passagem por esta terra e no vôo de retorno não levaremos mala alguma. Essas primeiras provas com a vida de Jó, servem para nos lembrar de que ao baixarmos na sepultura não levaremos nada do que temos. Jó sabia que tudo o que tinha foi dado gratuitamente, graciosamente por Deus e por isso não tinha motivos para blasfemar. Deus dá, Deus tira!

Francamente falando, apesar da dor que sentimos numa cerimonia fúnebre, ali paramos para refletir profundamente e de forma prática sobre o passado, o presente e o futuro. Se no caixão estiver alguém próximo ou muito próximo nosso, vem um sentimento profundo de avaliação de como foi o nosso comportamento para com essa pessoa enquanto éramos vivos. Será que demos a ela o melhor? Como a tratamos? Amamos verdadeiramente? Retribuímos em porção dobrada o que dela de bom recebemos? Fomos gratos em vida a ela?

Nessa hora muitas lembranças e sentimentos passam pela nossa mente e uma verdade é revelada: Não temos o controle do passado. Não podemos voltar atrás para corrigir o que sentimos nessa hora, se falhamos ou fomos omissos. Só nos resta aprender e prosseguir em frente, assim como Jó teve que fazer com a sua vida.

Se o trato de Deus para com Jó não foi para com as coisas materiais, seus bens, seus filhos, com que objetivo foi? Jesus Cristo nos responde em parte.

Mc 4:22 Porque nada há encoberto que não haja de ser manifesto; e nada se faz para ficar oculto, mas para ser descoberto.

Esse foi em grande parte o que os quatro homens e Jó tentaram fazer: Descobrir qual foi o objetivo de Deus para esse trato na vida de Jó.

O Livro de Jó também nos fala sobre a realidade da existência e da presença ao nosso redor do ser angelical chamado satanás (o opositor à vontade de Deus, o arrogante acusador). Esse adversário está e estará sempre rodeando a terra até o dia em que for preso por mil anos (Ap 20:2).

Deus, de acordo com o seu plano para a vida de Jó, achou por bem conversar com satanás e provocar a sua ira, perguntando:

Jó 1:8 E disse o Senhor a Satanás: Observaste tu a meu servo Jó?

E em seguida lhe faz um elogio:

Jó 1:8 Porque ninguém há na terra semelhante a ele, homem íntegro e reto, temente a Deus, e que se desvia do mal.

Essa afirmação do Senhor cutucou o âmago de Satanás fazendo brotar nele o sentimento de inveja, algo que é inerente à sua natureza. Quando ouvimos algum elogio feito para alguém próximo a nós e nesse instante nós não somos elogiados, qual a nossa reação?

O Senhor cerca com a Sua misericórdia aqueles que O busca e O teme.

Jó 1: 9 Então respondeu Satanás ao Senhor, e disse: Porventura teme Jó a Deus debalde? (Será que Jó teme a Deus sem outras intenções?)

10 Porventura tu não cercaste de sebe (cerca viva de varas entrelaçadas - misericórdia), a ele, e a sua casa, e a tudo quanto tem? A obra de suas mãos abençoaste e o seu gado se tem aumentado na terra.

11 Mas estende a tua mão, e toca-lhe em tudo quanto tem, e verás se não blasfema contra ti na tua face.

Esses versículos nos mostram claramente como Deus trata aqueles que são retos de coração, que o amam e se afastam do mal: Ele nos protege e aos nossos familiares contra todo o tipo de mal, abençoando todas as obras das nossas mãos. Somos gratos por isso!

É incrível a capacidade de discernimento do maligno, que consegue ver e respeitar os muros de proteção que Deus coloca em nossas vidas e nós mesmos, muitas vezes, nem percebemos essa benção de Deus para conosco, ou pior ainda, nem agradecemos pelo cuidado e zelo a nós dispensado.

Fico impressionado com a prepotência e a capacidade de argumentação de satanás para com o nosso Deus. Imaginem, se ele se comporta assim com Deus, como será conosco? Por causa disso é que devemos sempre nos afastar dos locais e das coisas por onde ele perambula, evitando sermos confrontados e convencidos das suas armadilhas – Fujamos dele sempre, rogando pela proteção do nosso Senhor Jesus Cristo.

Continuaremos com essa reflexão sobre a vida de Jó na próxima postagem. Continue conosco, e medite em todo o contexto da vida de Jó que aqui foi exposto. Faça um paralelo com a sua vida, veja o que voce pode absorver diante do que Jó passou e a sua postura diante de Deus. Nos vemos na proxima postagem: "A Dupla Porção de Jó - Parte DOIS". Até lá!

13 Também teve 7 filhos e 3 filhas

15 E em toda a terra não se acharam mulheres tão formosas como as filhas de Jó.

 
 
 
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